Uma carta do meu cachorro!
- Euzinha
- 5 de jan. de 2017
- 6 min de leitura

Prólogo
Quando um cachorro conta uma história, você tem que parar para ouvi-la (entendeu a referência?kkk)...
Já imaginou o que o seu cãozinho falaria, se pudesse? Já imaginou o que ele pensa em relação a você ou ao mundo? No texto de hoje, colocarei “no papel” os meus pensamentos, tentando explicar o que eu penso que meus cachorros seriam capazes de pensar (entenderam?), e o que eles falariam de mim. Para proteger a identidade desses animais, usarei apenas as iniciais kkk. ... Depoimento número um: C, cinco anos: “Olá a todos, meu nome é C, e eu tenho cinco anos (quase seis). Nasci de uma longa linhagem de cães de raça, mas, eu sou um tremendo de um vira-lata, mas, isso não impede que eu seja muito amado. Moro na casa da K desde que eu era bem pequenininho. Pelo que entendi, meu pai já era filho dela antes de eu nascer. Não entendo muito bem como nós dois podemos ser filhos dela. Seria possível que meu pai, fosse também o meu irmão? No começo da minha vida, vivia com meu pai e com meu irmão na minha casa, mas, depois de um tempo, meu irmãozinho começou a ficar bem doentinho, foi emagrecendo e parando de brincar comigo, até que chegou um dia, depois de longas horas de sono, ele foi embora e nunca mais voltou. Ouvi eles dizendo que ele havia morrido, mas não entendi bem o que aquilo queria dizer, mas pelo modo que eles ficaram tristes, decidi que não queria essa tal de morte. Fiquei sentindo a falta dele, mas eu ainda tinha o meu pai. A gente brincava e corria por todo lado, e a K nos acompanhava em diversas brincadeiras, as vezes, até mesmo segurando um troço preto perto de nós e nos mandando ficar quietos para tirar uma foto. Confesso que não gostava muito de ficar parando, mas às vezes, eu ficava com dó dela e olhando para ela, aceitava a tal foto. Outras vezes, ela me agarrava e só me soltava quando conseguia o que queria. Eu amava aquela minha vida, é claro. Então, depois de alguns meses, papai começou a ficar magrinho e a andar arrastando por ai. Pensei que ele fosse se recuperar e voltar a brincar comigo quando ele descansasse, mas, depois de alguns dias, ele fechou os olhos e nunca mais os abriu. Depois de algumas horas, levaram meu papai embora, e eu nunca mais o vi. Pelo modo em que todos choravam, percebi que aquilo deveria ser a mesma coisa que tinha acontecido ao meu irmão. Decidi que não gostava dessa tal de morte, ela só sabia me deixar sozinho e a entristecer meus donos. Passei alguns meses sozinho, mas eu sempre tinha a companhia da K. Ela me chamava de uns nomes estranhos, tipo “neném da mamãe” e “ti popô da mamãe”. Eu não sabia o que aquilo significava, mas ela parecia tão feliz ao dizer aquilo, que a única coisa que eu conseguia fazer, era abanar o rabinho e me sentir feliz também. Como eu amo quando ela está feliz, me faz eu me sentir tão bem. Meses depois, chegou em minha casa, um novo amiguinho. Um lindo cachorro preto, que se tornou meu amigo bem rapidamente. Como eu tinha sentido falta de uma companhia canina! A gente corria, brincava, se mordia de levinho, mas nunca brigávamos. Às vezes, a K também o chamava de “neném de mamãe”, e eu sentia um pouco de ciúme, mas ele era tão gente boa, que eu perdoava, afinal, eu era o neném dela a muito mais tempo. Minha terceira experiência com a tal morte, também não foi nada agradável. Meu amiguinho também começou a passar muito mal e a emagrecer, depois começou a até mesmo, não andar direito. Às vezes, meus donos o pegavam e o levavam para algum lugar chamado veterinário, mas depois ele voltava. Outras vezes, meus donos o colocavam longe de mim, pois eu sou muito grande e às vezes, eu poderia machucá-lo sem querer. Eu entendia, e curiosamente, não ficava com ciúmes, eu só queria que meu amigo ficasse bom. Muitas vezes, a K ficava lá com ele, chorando, e eu temia que essa morte estivesse chegando. E não deu outra. Depois de algumas semanas, ele também foi embora, para nunca mais voltar. Sinceramente, me desiludi um pouco, todos meus amigos caninos me abandonavam. O bom, é que eu tinha os meus donos, e a K. Baixinha e meio esquisitinha, ela é minha melhor amiga, e pelo jeito que ela me trata, eu diria que sou o melhor amigo dela. Ela me olha com tanto amor, me chama de apelidinhos carinhosos, diz meu nome no diminutivo. Ela coloca ração e água para mim todos os dias, e nunca deixa passar um dia sem ter um carinho dela. Às vezes, ela enche o quintal de vasilhas de ração e água, e então, todas da casa somem. Eu fico com medo de ela ter me esquecido, mas ai, depois de uns dias, sinto o seu cheiro ficando cada vez mais forte, ouço sua voz conversando, escuto seus passos e então, ela aparece, falando meu nome, sorrindo, me fazendo carinho e dizendo que sentiu minha falta. Que felicidade! Eu amo ter ela por perto, e pelo jeito que ela me agarra, sei que ela também gosta. Se tem uma coisa que amo fazer, é pular nela, pois ficamos quase do mesmo tamanho, ela fica falando que sou um cachorro muito pesado com uma vozinha carinhosa, e eu acho isso tão engraçado. Às vezes, sinto que ela está nervosa ou triste, e então, quando isso acontece, ela se senta perto de mim e fica bem quietinha, às vezes até chorando, e depois de alguns segundos, ela fica calma e feliz de novo. Ela me diz que sou o seu melhor remédio. Não sei por que, mas sinto que isso é uma coisa boa. Anos depois, ganhei um novo amigo, o D. Aquele cachorro folgado e espoleta, que desde pequeno, me irrita um pouco. Ele ficava sempre na parte da frente da casa, na parte onde ficam meus donos e quando ele ficava na minha área da casa, ele insistia em passar pelo portão e ir embora. Ele também gostava de ficar me irritando, puxando minha orelha e me provocando, e eu nunca entendi o porquê. Ele tem um problema comigo, por acaso? Eu já sou um cachorro adulto, não tenho paciência para bobeiras, mas, às vezes, dou a ele o que ele quer, outras vezes, dou nele mordidas que o fazem gritar e é nessa hora, que sou xingado e que eles dizem que estou sendo mau. Perai, ele que me irrita e eu que sou o errado? Apesar de nossas brigas, gosto dele. Agora que os meses passaram e ele já está maiorzinho, as bobeiras são menores e ele até que está mais legal. Claro, ele ainda late muito, por qualquer motivo e isso me irrita, e ele ainda pega minhas orelhas, mas no geral, ele é um cachorro legal. A K o chama ele de neném da mamãe também, e nele, isso me causa ciúmes. Talvez porque quando ele chegou, eu já era mais velho de casa, talvez seja porque ele é folgado (até comer deitado, ele come), talvez porque ele é meu animigo, ou talvez porque ele é muito desesperado por atenção, mas eu sinto. Tento desde o começo mostrar quem manda e já consegui a devoção dele há tempos, mas meus donos insistem em dizer que estou errado por brigar com ele. Ei, ele é o enxerido, não eu. Ou seja, ele me deve obediência. Mas estou tentando me controlar, juro. Só não aceito que peguem ele no colo. Por que pegam ele e não me pegam? Só por que eu sou aparentemente enorme? Não é justo. Mas, como eu ia dizendo, somos amigos e eu espero que essa morte não leve ele tão cedo, afinal, bem ou mal, ele é meu companheirinho de brincadeiras. Quando ao restante da minha família humana, todos são bem legais comigo, uns, mais do que os outros, mas tudo bem. Não conte para ninguém, mas eu também tenho os meus preferidos aqui. Mas eles são legais, tem os que brincam comigo, os que me alimentam, os que me tacam ossos de vez em quando, os que apenas me olham, os que brincam comigo apenas às vezes, e tem a K, que brinca comigo todos os dias, mesmo quando eu não estou muito afim, mas tudo bem, sempre há um lugar para os meus amigos. Gosto quando ela aparece apenas para passar a mão na minha cabeça e na do D. Acho legal quando ela abre um sorriso e diz “deixa de ser doido cachorro”, quando eu começo a pular ou a correr bem rápido. Ela nos manda beijos e fica balançando a mão em nossa direção, mas não para bater. Na verdade, as vezes ela até me dá uns tapinhas, principalmente quando bato no D, mas sendo sincero? Nem dói, quando eu me afasto, é só por educação mesmo. Outras vezes, ele me dá uns tapinhas bem levinhos e diz que eu sou um “cachorro gostoso”. Não entendo, mas acho que isso deve ser bom. Então é isso, isso é tudo o que tenho para falar. Ah, e as vezes, meus donos me deixam correr na rua e poucas coisas se comparam a aquilo. Eles ficam gritando para eu entrar para dentro e eu quase obedeço, mas aquilo é tão bom, que acabo entrando só depois de alguns minutos. Sou um cachorro feliz, minha vida é boa e minha barriga vive cheia. Quer coisa melhor? Essa foi a história do meu cachorro C, contada por mim, de um jeito que eu imagino que ele faria, se pudesse falar. E ai, gostaram? De qualquer maneira, obrigada por lerem, beijos. PS: Todos os meus animais terão um depoimento kkk.
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